segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Da Inconsciência da Arte: sua pretensão

Inconscientemente, fiz
Assim mesmo
Quase sem saber

Surgiram versos amuados
Despretenciosos
Ambiciosos
Despretenciosamente ambiciosos
Ambiciosamente despretenciosos
Famintos, enfim.
Da vida necessitados e já moribundos

Da mesma forma, sem querer
Me vi ali, frente a frente
Criador e criatura,
imagem e semelhança:
um borrão

Tomei consciência do que senti
E, contra a vontade,
Concordei comigo mesmo.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Da Vontade Como Representação ao Focinho de Porco que Não é Tomada e Nem de Verdade É

Não se sabe nunca o que se vai escrever. Pode-se até ter uma ideia sobre o que escrever, mas do pensamento até as palavras e destas até o texto e deste de volta ao pensamento o caminho é longo, cheio de curvas e, se você se descuidar, pode desavisadamente entrar num looping e ver seu texto dividindo lugar com mobiletes velhas rodopiando em um imaginário globo da morte como se ele fosse um conjunto de elétrons em volta do núcleo atômico. A imagem não é exata e, por isso, mesmo tentando, pode não apenas não ajudar como, pior, invariavelmente atrapalhar. É a maldição do exemplo: de serventia que tem como simples representação, como tal, não pode ser tomado como a coisa que se quer representar. Por isso, se, ao invés de tentarmos compreender a coisa representada por meio da representação, fixarmo-nos na representação como coisa representada, confundimos o essencial com a aparência e, com este espírito, corremos o risco de querer plugar a torradeira elétrica no focinho do porco que - porque artificial - serve apenas como cofre para as moedas.

Advertência: é só um exemplo.