terça-feira, 25 de março de 2008

Campanhas Publicitárias

As campanhas publicitárias que pretendem provocar uma espécie “brain storm” nas pessoas a respeito de temas de relevante interesse público, como o combate a febre amarela, ao mosquito da dengue, como as campanhas do Detran contra a perigosa combinação entre bebidas alcoólicas e a direção, tem como característica geral o apelo à imagens chocantes e o uso efusivo de frases de efeito. Essas campanhas, em seus eixos nacionais, são geralmente bem produzidas nos seus elementos áudio-visuais e na escolha cuidadosa da linguagem, embora não consigam ter o poder de convencimento e conscientização pretendidos. Acontece que, imbuídos de um efervescente humor cívico, algumas instituições ou pessoas de influência mais local ou regional tendem a tentar fortalecer essas correntes publicitárias e reproduzem ao seu jeito a matéria publicitária veiculada nacionalmente. É aí que mora o perigo.

Um exemplo. Estava eu me derretendo em suor numa tarde quente de um outono apenas formal, esperando ser atendido na 41º Ciretran por conta do vencimento de minha CNH, quando me deparo quase sem querer com um adesivo colado nos arquivos do departamento. Tal colante tentava desesperadamente em suas cores contrastantes chamar-nos a atenção para a clara e reiteradamente enfatizada incompatibilidade entre o consumo de álcool e a direção. A maneira como parecia acenar à nossa consciência aquela pequena peça publicitária – produzida por uma universidade particular local - era a seguinte: “Álcool X Direção: não perca esse jogo”.

Não pude conter um esboço de um sorriso quando, tomado pelo tédio do aguardo em uma repartição pública lotada, me peguei pensando num hipotético jogo de sedução levado acabo por essas duas tentações sobre um mesmo indivíduo. Imaginei assim (imagine comigo):


Um sujeito qualquer, num trânsito congestionado ao fim do período de expediente, tendo que enfrentar um engarrafamento gigantesco em um cidade grande qualquer. O calor extremo causando um transbordamento de suor pelos seus poros (o cara não é tão rico assim, o carro dele não tem ar condicionado), enquanto os melanócitos de sua pele ficam todos frenéticos com a irradiação ultra-violeta que incide diretamente sobre eles. Do outro lado da rua, o sujeito avista dois amigos caminhando à pé pelos quais ele havia passado há alguns minutos e que agora o alcançaram (dada a lentidão do tráfego), parando para tomar uma cervejinha no aconchegante boteco da esquina. Percebe, mesmo que à distância, o semblante de contentamento dos dois amigos a cada gole, que terminam a primeira cerveja enquanto ele consegue prosseguir 50 metros. Neste exato momento, entram em cena as dois adversários do jogo a ser disputado: a direção vem escalada com um esquema tático retrancado, lento, pouco ofensivo, enquanto o álcool vem com um esquema tático ofensivo, leve e fluido. A partida nem mesmo se inicia quando o sujeito decide desistir de assistí-la e vai se juntar à dupla de amigos no mesmo instante em que eles abrem a segunda garrafa.


Saí do departamento com o exame de vista agendado. Em uma semana terei que voltar lá e encarar novamente o apelo do adesivo. E voltarei a lembrar do sujeito que perdeu o jogo porque foi dar um tempo na companhia de amigos que pararam para tomar uma cerveja e conversar sobre futebol.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dúvidas Pascais

- Papai, o que é Páscoa?

- Ora, Páscoa é ...... bem ...... é uma festa religiosa!

- Igual Natal?

- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.

- Ressurreição?

- É, ressurreição. Marta, vem cá!

- Sim?

- Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.

- Bom, meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado. Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?

- Mais ou menos ....... . Mamãe, Jesus era um coelho?

- Que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma Educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Ave Maria!

- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?

- É filho, Jesus e Deus são a mesma pessoa. Você vai estudar isso no catecismo. Chama-se a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

- O Espírito Santo também é Deus? É sim.

- E Minas Gerais?

- Sacrilégio!!!

- É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?

- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a mamãe entende direito. Mas quando você for no
catecismo a professora explica tudinho!

- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?

- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.

- Coelho bota ovo?

- Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!

- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?

- Era, era melhor, ou então urubu.

- Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né? Que dia que ele morreu?

- Isso eu sei: na sexta-feira santa.

- Que dia e que mês?

- Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na sexta-feira santa e ressuscitou três dias depois, no sábado de aleluia.

- Um dia depois.

- Não, três dias.

- Então morreu na quarta-feira.

- Não, morreu na sexta-feira santa ....... ou terá sido na quarta-feira de cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois!

- Como?

- Pergunte à sua professora de catecismo!

- Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?

- É que hoje é sábado de aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.

- O Judas traiu Jesus no sábado?

- Claro que não! Se ele morreu na sexta!!!

- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?

- É, boa pergunta. Filho, atende o telefone pro papai. Se for um tal de Rogério diz que eu saí.

- Alô, quem fala?

- Rogério Coelho Pascoal. Seu pai está?

- Não, foi comprar ovo de Páscoa. Ligue mais tarde, tchau.

- Papai, qual era o sobrenome de Jesus?

- Cristo. Jesus Cristo.

- Só?

- Que eu saiba sim, por quê?

- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido, não acha?

- Coitada!

- Coitada de quem?

- Da sua professora de catecismo!!!


Diz o "email" que a autoria deste texto é de L. F. Veríssimo, mas nos emails o Veríssimo tem mais textos do que ele escreveu. Então, não dúvido mas não boto minha mão no fogo.

terça-feira, 18 de março de 2008

While My Guitar Gently Weeps

Show em homenagem ao George Harrison. Paul MacCartney, Eric Clapton, Ringo, Albert Lee, o filho do George e "aléns"!
Muito bom!

terça-feira, 11 de março de 2008

Paraná Blues

Caríssimos,

em verdade, em verdade, vos digo. Consertei o link do Paraná Blues para que vocês possam desfrutar de mais um exemplo primoroso do bom e velho rock ´n roll.

Gostaria também de pedir aos que por ventura passarem por este humilde sítio da internet, se, por acaso, encontrarem algum link que esteja expirado, que, por gentileza, nos informe deixando um simples recado na primeira postagem que estiver no blog. Tão logo lido o comentário, prontamente será providenciada a correção.

Agradecido.

Alifanfarrão

Alzira Espíndola e Alice Ruiz - Paralelas (2004)

Este disco é uma parceria entre Alzira Espíndola e Alice Ruiz. Tive contato com ele por acaso, pois estava mesmo era procurando coisas do Leminski. Acontece que o milagre da internet chamado link me levou ao encontro de Alice Ruiz (sua ex-mulher) e daí à Alzira Espíndola e daí a este disco.

É digno da mais reverente apreciação. Conta com participações de Arnaldo Antunes e Zélia Duncan. Segue abaixo a letra de uma das músicas; esta se chama Ladainha:

"era uma vez uma mulher
que via um futuro grandioso
para cada homem que a tocava
um dia
ela se tocou...

Eu pensava que o amor
me faria uma rainha
e quando você chegasse
não seria mais sozinha

você chega da gandaia
só pensando numazinha
seu amor é pouca palha
para minha fogueirinha

o que você jogou fora
é para poucos
o meu mal foi jogar
pérolas aos porcos

eu não sou da sua laia
não quero sua ladainha
pra ser mal acompanhada
prefiro ficar na minha"







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