Opinião sobre qualquer coisa todo mundo tem. Mesmo havendo aqueles que, às vezes, quando instigados, viram o rosto impacientes sem antes lançarem um olhar detonador de petardos invisíveis, mas sensíveis, ou aquel´outros que escondem o mesmo rosto atrás das mãos induzindo-nos a pensar que a qualquer momento nos surpreenderão com um "Achou!" como se estivesse a tratar com crianças. O fato é que, no Brasil, a aludida fertilidade do solo reverbera nas metalidades e torna possível a paráfrase: no Brasil, em se tratando de opinião, espremendo, tudo dá!
Isso é bom? Nã sei. Mas incomoda um pouco, porque todo mundo se torna um formador de opinião. A alcunha pode trazer um aprazido afago no ego sem que necessariamente se escape de ser ridículo. Imagine o diálogo de dois velhos conhecidos que se encontram por acaso numa partida de badminton:
- Ô rapá, há quanto tempo?
- Vixe, acabei de chegar, mas acho que deve ter uns 10 minutos jogados só. Você também está torcendo para os de camiseta branca e shorts azuis?
- Putz! Ainda com aquele problema de dislexia? Não procurou ajuda especializada?
- Procurei, mas sabe como é, você pega essa crise toda acontecendo, junta a minha dificuldade de entendimento, adiciona a chatice de procurar alguma coisa no emaranhado de letrinhas minúsculas das páginas amarelas, no final, o máximo que você consegue é acabar caindo no escritório de um bom retórico que hoje ganha a vida como formador de opinião.
- Hum. Sei. Formador de opinião, é? Então, sarar, você não sarou, mas saiu de lá com sua opinião formada.
- Iss. E pra garantir ele ainda me deu um certificado que comprova a formação da minha opinião.
- Puxa, vida. Me passe, então, o endereço, que eu vou procurar esse sujeito. Quero ter minha opinião formada por ele. Saio de lá com opinião formada, graduada e com canudo. Posso até ganhar vantagens no mercado de trabalho.
O disléxico passa o endereço - errado - para o outro, que sai feliz sem saber que tinha sido enganado pelo amigo, cujo senso de sobrevivência o obrigou a eliminar um possível concorrente.
Isso é bom? Nã sei. Mas incomoda um pouco, porque todo mundo se torna um formador de opinião. A alcunha pode trazer um aprazido afago no ego sem que necessariamente se escape de ser ridículo. Imagine o diálogo de dois velhos conhecidos que se encontram por acaso numa partida de badminton:
- Ô rapá, há quanto tempo?
- Vixe, acabei de chegar, mas acho que deve ter uns 10 minutos jogados só. Você também está torcendo para os de camiseta branca e shorts azuis?
- Putz! Ainda com aquele problema de dislexia? Não procurou ajuda especializada?
- Procurei, mas sabe como é, você pega essa crise toda acontecendo, junta a minha dificuldade de entendimento, adiciona a chatice de procurar alguma coisa no emaranhado de letrinhas minúsculas das páginas amarelas, no final, o máximo que você consegue é acabar caindo no escritório de um bom retórico que hoje ganha a vida como formador de opinião.
- Hum. Sei. Formador de opinião, é? Então, sarar, você não sarou, mas saiu de lá com sua opinião formada.
- Iss. E pra garantir ele ainda me deu um certificado que comprova a formação da minha opinião.
- Puxa, vida. Me passe, então, o endereço, que eu vou procurar esse sujeito. Quero ter minha opinião formada por ele. Saio de lá com opinião formada, graduada e com canudo. Posso até ganhar vantagens no mercado de trabalho.
O disléxico passa o endereço - errado - para o outro, que sai feliz sem saber que tinha sido enganado pelo amigo, cujo senso de sobrevivência o obrigou a eliminar um possível concorrente.
Faz-se necessária uma correção. A paráfrase mais acima ficou contraditória com os efeitos do diálogo menos acima, o que nos obriga a uma alteração à contragosto. Como atualmente ninguém está dando nada, pois ninguém mais acredita no ditado que tenta nos convencer de que "em se dando, recebe-se em dobro" e está sendo muito difícil esperar até o pagamento divino, a paráfrase forçosamente tem que ser outra: no Brasil, em se tratando de opinião, espremendo, tudo vende!
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