quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Estou lendo: A Teoria da Alienação em Marx

"Marx é acusado, com frequência, de ´determinismo econômico´. Supõe-se que ele tem a ingênua idéia segundo a qual a economia determina, mecanicamente, todos os aspectos do desenvolvimento. Não é preciso dizer que tais acusações não podem ser levadas a sério. Pois - como já dissemos - na visão de Marx o primeiro ato histórico do homem é a criação de sua primeira necessidade nova, e nenhuma determinação mecânica pode explicar isso. Na concepção dialética de Marx o conceito-chave é a ´atividade humana produtiva´, que nunca significa simplesmente "produção econômica". Já desde o princípio ela é muito mais complexa do que isso, como de fato indicam as referências de Marx à ontologia. Defrontamo-nos aqui com uma estrutura extremamente complicada, e as afirmações de Marx sobre a significação ontológica da economia só serão compreendidas se forem capazes de apreender a idéia marxiana das múltiplas mediações específicas, nos mais variados campos da atividade humana, as quais não são simplesmente ´construídas sobre´ uma base econômica, mas também estruturam esta última, por intermédio de sua estrutura própria enormemente intrincada e relativamente autônoma. (...) Se a ´desmistificação´ da sociedade capitalista, devido ao ´caráter fetichista´ de seu modo de produção e troca, tem de partir da análise da economia, isso não significa de nenhum modo que os resultados dessa investigação econômica possam ser simplesmente transferidos para outras esferas e níveis. (...)

Evidentemente, o ´determinismo econômico´ nega a inter-relação dialética de temporalidade e atemporalidade, de descontinuidade e continuidade, de história e estrutura. Opõe à concepção dialética marxiana um modelo mecânico no qual uma estrutura atemporal de determinações prevalece. (Alguns dos chamados ´marxistas estruturalistas´, com sua rejeição antidialética do ´historicismo´, são representativos do ´determinismo econômico vulgar´, com um disfarce ´estruturalista´ culturalmente em moda. Foi essa velha tendência do ´determinismo econômico vulgar´ que levou Marx a dizer, há muito tempo: ´Eu não sou marxista´.) O conceito de mediações complexas está ausente da visão dos deterministas econômicos que - ainda que inconscientemente - capitulam ante a ´necessidade econômica cega´ que parece predominar por meio do caráter fetichista do capitalismo, pela alienação e reificação das relações sociais de produção do capitalismo. (As Geisteswissenschaften ["ciências do espírito"] e - mutatis mutandis - suas versões estruturalistas modernas são, quanto à sua estrutura conceitual fundamental, uma forma mistificada de determinismo econômico ´de cabeça para baixo´, na medida em que lhes falta o conceito crucial de mediação. Elas refletem o mesmo tipo de determinações mecânicas diretas sob nomes ´espiritualizados´. Consequentemente, evidenciam uma negação rígida de toda a historicidade, ou então inventam uma pseudo-história do ´espírito´, desprovida das transições e mediações dialéticas objetivas que caracterizam uma genuína exposição histórica. É bastante significativo que alguns ´estruturalistas marxistas´ possam oscilar, com maior facilidade, entre as categorias de Geisteswissenschaften e seus próprios conceitos pseudomarxistas - isto é, conceitos deterministas econômicos vulgares.)"

István Mészáros. A Teoria da Alienação em Marx. pp. 108-109

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro colega,
Também estou lendo para basear minha dissertação.Sou muito teimosa e não vou desistir!!!
Marcia

Anônimo disse...

Caro colega,
Também estou lendo para basear minha dissertação.Sou muito teimosa e não vou desistir!!!
Marcia

Anônimo disse...

olá,
meu professor passou esse livro pra ser feito um fichado, e eu fiquei responsável pelo capítulo 4 "ASPECTOS ECONÔMICOS".Já li três vezes e até agora não consegui entender nada.
Teria como o senhor, explicar um pouco sobre esse capítulo.
Obrigado desde de já !!!

Se puder me mande um e-mail para: jack_loba@hotmail.com;e informe o seu blog.