quinta-feira, 12 de março de 2009

Mallu Magalhães (2008)

Frequentemente, ouve-se falar que o rock não é apenas música, mas também atitude ou estilo de vida, o que seria mais um elemento que o diferenciaria de outros estilos "puramente" músicais, se é que isso de fato existe. John McCrea (vocalista do Cake) já tratou disso ironicamente em uma de suas músicas (em Rock And Roll Lifestyle). O grande risco que se corre é a relevância dada ao componente "estilo de vida" do rock poder ter uma tendência a maximizar-se e tornar-se independente da própria música, abrindo precedentes para que surjam fenômenos como o emocore e seus adeptos - com suas roupas, cabelos, pranchas, pulseiras e simples distorções de guitarra - reinvindicando para si o título de rockeiros do momento.

Digo isso, porque não tem nada mais oposto da figura tradicional do rockeiro e da rockeira do que a Mallu Magalhães. Sabe-se que o rock pega as pessoas já pela tenra idade, mas, segundo o padrão tradicional, essas pessoas têm que se submeter a uma espécie de rito de passagem, onde aprende-se a experimentar drogas das mais variadas, ter predileção por uma aparência mais desleixada ou intencionalmente casual (de preferência, com uso de roupas com tons mais escuros), personificarem a filosofia do carpe diem radical e ter um forte senso de auto-destruição. Uma das figuras femininas mais célebres é a Joan Jett, que traz consigo ainda o tom provocativo do timbre vocal. A Mallu Magalhães não tem nada disso e, a despeito das discordâncias que possam surgir sobre sua música, tem suas influências marcadamente no rock. E como não ser flagrado em repentes de ternura ao ouvir sua voz de menina?

Bem, o que de fato me gera curiosidade é tentar imaginar como seria se o reconhecimento da Mallu viesse mais tarde, por exemplo, aos 25 anos, depois de ter passado por todos os passos do rock and roll: das bandas de garagem, às casas noturnas e suas mais diretas consequências. Qual seria o seu apelo?







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