Marx antecipa em alguns anos a tese weberiana do “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, ao considerar que juntamente ao aumento das carências a economia política clássica promove o esvaziamento das carências humanas e dos meios para satisfaze-las como princípio moral por excelência ao calcular “a vida mais escassa possível como norma”. E prossegue logo depois: “A economia nacional, esta ciência da riqueza é, por isso, ao mesmo tempo, ciência do renunciar, da indigência, da poupança e ela chega efetivamente a poupar ao homem a carência de ar puro ou de movimento físico. Esta ciência da indústria maravilhosa é, simultaneamente, a ciência da ascese e seu verdadeiro ideal é o avarento ascético, mas usurário, e o escravo ascético, mas producente. O seu ideal moral é o trabalhador que leva uma parte de seu salário à caixa econômica (...). A auto-renúncia, a renúncia à vida, a todas as carências humanas, é a sua tese principal. Quanto menos comeres, beberes, comprares livros, fores ao teatro, ao baile, ao restaurante, pensares, amares, teorizares, cantares, pintares, esgrimires etc., tanto mais tu poupas, tanto maior se tornará o seu tesouro que nem as traças nem o roubo corroem, teu capital. (...) Tudo o que o economista nacional te arranca de vida e de humanidade, ele te supre em dinheiro e riqueza” (p. 141-142).
O ascetismo da economia nacional chega ao seu clímax na teoria da população, quando esta afirma haver seres humanos demais. Segue Marx: “até mesmo a existência dos homem é um puro luxo, e se o trabalhador é ´moral´ (Mill sugere louvores públicos para aqueles que se mostrarem abstinentes nas relações sexuais e repreensões públicas para aqueles que pecam contra esta esterilidade do casamento... não é isto moral, doutrina da ascese?) será poupado na procriação. A produção do homem aparece como miséria pública” (p. 143).
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