"Por analogia, o dilema de Hamlet é o dilema da consciência militante. Vê o mundo se desmoronar e vive profundamente seu sofrimento. Quer realizar a profecia da justiça, mas se sente fraca como indivíduo diante das forças objetivas de um mundo que se apresenta de forma invencível. Oscila entre o delírio e a ação para a qual seu sofrimento a empurra. Nossas ações e nossa fúria seriam justificadas, ou espíritos malignos nos conduzem a atos vis enquanto buscamos a virtude? Não basta viver a vida para compreendê-la, é necessário duplicá-la na arte ou na ciência para conhecê-la de fato, para ter na mediação das palavras uma justificativa para nossos atos. Não basta que o movimento próprio da objetividade aponte claramente para a dissolução da ordem da propriedade privada, não basta que produza como pólo complementar do processo de acumulação crescente de valor a mais plena manifestação da miséria e desumanização, é necessário produzir o sujeito da transformação e sua consciência".
(Mauro Iasi, "O Dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência", Viramundo: São Paulo, 2002, p. 15).
(Mauro Iasi, "O Dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência", Viramundo: São Paulo, 2002, p. 15).
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