"Aquele que se encolhe diante do conflito torna-se conformista. Ou fatalista, para utilizarmos o termo que Walter Benjamin colocou no centro de sua concepção de melancolia. A depressão, equivalente psicanalítico da melancolia benjaminiana, se expande sobre o terreno de onde o sujeito se retirou. O declínio da referência ao conflito tanto na diâmica da vida psíquica quanto na dinâmica social, favorece a ´indolência do coração´, atitude fatalista que caracteriza, para Benjamin, o melancólico. Essa atitude, que no pensamento de Benjamin resulta da traição da perspectiva do sujeito na luta de classes, guarda uma forte analogia com aquela que Lacan designou como traição da via desejante, a única pela qual, para o autor, o sujeito deveria sentir-se legitimamente culpado".
KEHL, M. R. O Tempo e o Cão: a atualidade das depressões. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 219.
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