quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"As Aventuras de Karl Marx Contra o Barão de Münchhaunsen", de Michael Lowy

A lenda do Barão de Münchhausen conta a história de um nobre alemão que, passeando cavalo em um bosque, acaba caindo em um pântano e começa a afundar. Sem ter como contar com a ajuda de ninguém, a lenda diz que ele conseguiu escapar da morte saindo do pântado ao puxar os próprios cabelos.

Esta história serve de alegoria para Michael Löwy problematizar a questão dos limites e possibilidades de produção do conhecimento objetivo nas ciências sociais, ao colocar no centro do debate as relações entre concepções de mundo e a análise da realidade social e pondo em perspectiva as posições de três grande tradições do pensamento social ocidental: o positivismo, o historicismo e o marxismo. A relação entre sujeito e objeto não se restringe a uma esfera abstrata do conhecimento e são analisadas no interior da complexidade da vida real. Desta forma, sujeito e objeto não são menos que os seres humanos de carne e osso vivendo no interior de relações sociais determinadas e tentando entender o mundo social que eles mesmos produzem. 

Livro muito interessante que coloca em perspectiva um importante debate a respeito da produção de conhecimento nas ciências humanas e, ao fazê-lo, procura demonstrar como objetividade científica não não é a mesma coisa que neutralidade científica, que esta não é condição para aquela (uma vez é impossível) e que, se o  Barão de Münchhausen tem um lugar importante na história da literatura, transportado acriticamente para a ciência traz mais problemas do que soluções.

Nenhum comentário: