Toda paixão é labirinto
onde se perdem ateus e santos,
onde caravelas e jangadas precárias
desafiam a fúria insensata dos oceanos.
Sem mapas, sextantes, bússulas ou planos
as paixões navegam cegas e loucas
acreditando que a pele é sempre a melhor roupa
enquanto exilam as próprias línguas no céu de outras bocas.
Toda paixão quer ser eterna,
como as manhãs que rasgam a noite fria,
como alegria instantânea do sorriso
preso no retângulo da fotografia.
Por isso toda paixão odeia o tempo
que vive entre os números do relógio prisioneiro,
desorienta, ilude e faz os amantes acreditarem
que a hora é só uma mentira dos ponteiros.
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