Recomendo a todos a leitura da dissertação de mestrado do Rodrigo Bischoff Beli, que contém uma análise da teoria sociológica de Boavetuntura de Sousa Santos. Como dizia Brecht, em tempos sombrios como os que vivemos, nada pode parecer natural. Se, por um lado, a dissertação pode contribuir com a criação de algumas rugas na nossa testa, por outro, isto é compensado pelo oferecimento de algumas ferramentas teóricas para podermos superar a indiferença.
Boa leitura a todos!
RESUMO
O presente trabalho trata sobre um
aspecto específico, mas o mais central de toda a teoria de Santos, que é
o da crise paradigmática da modernidade. Uma crise que seria ao mesmo
tempo societal e do conhecimento. Embora recuse a qualificação, a teoria
de Santos pode ser considerada dentro do espectro daquilo que chamamos
de pós-moderno. Minha pesquisa teve como objetivo realizar uma análise
desse aspecto da teoria de Santos, buscando revelar para além das
características próprias de sua argumentação, as determinações
históricas de sua formação.
É justamente o movimento
histórico que constitui a teoria de Santos enquanto uma resposta
específica a condição da luta de classes em seu estágio mais recente
(desde pelo menos a década de 1970), mais especificamente no campo que
se considera de esquerda (ou, ao menos, comprometido com uma forma -
seja ela qual for - de transformação radical da sociedade). A teoria de
Santos aponta para um posicionamento da esquerda bastante diverso
daquele considerado tradicional. E isso não é um elogio, trata-se de um
desvio idealista daqueles, que estaria vinculado (e isso é algo que
precisa ser esclarecido de maneira mais adequada em um trabalho futuro,
que não pode tardar de acontecer) aquilo que a filosofia formulou de
pior, que é o irracionalismo.
Para se ter uma ideia de quanto isso é perigoso, estamos falando de um cientista, militante de esquerda, que formula um projeto de transformação societal baseado em elementos de uma corrente filosófica que, num passado não muito remoto, originou, dentro de certos condicionantes, uma visão de mundo completamente degradante, de uma perspectiva humanista, o cúmulo do reacionárismo, que foi o fascismo. Não se diz aqui que o pós-moderno é um novo fascismo, ou é o fascismo em sua nova faceta, mas isso já sugere que os elementos históricos que propiciaram o surgimento do fascismo estão presentes nos nossos dias, e que uma resposta de tipo semelhante não pode ser descartada. E pior, que ela pode estar sendo gestionada em um espaço que não se supunha.
Para se ter uma ideia de quanto isso é perigoso, estamos falando de um cientista, militante de esquerda, que formula um projeto de transformação societal baseado em elementos de uma corrente filosófica que, num passado não muito remoto, originou, dentro de certos condicionantes, uma visão de mundo completamente degradante, de uma perspectiva humanista, o cúmulo do reacionárismo, que foi o fascismo. Não se diz aqui que o pós-moderno é um novo fascismo, ou é o fascismo em sua nova faceta, mas isso já sugere que os elementos históricos que propiciaram o surgimento do fascismo estão presentes nos nossos dias, e que uma resposta de tipo semelhante não pode ser descartada. E pior, que ela pode estar sendo gestionada em um espaço que não se supunha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário