Dias atrás estava eu lembrando do filme "Efeito Borboleta" e de como ele tinha me sensibilizado na época. Teve até uma vez que eu e mais dois amigos sentamos para assistí-lo com pratos de pizza em nossos colos. Acabado o filme, pusemos a conjecturar muitos outros possíveis finais e discutir se nossa vida é guiada pelo destino, se vivemos desordenados pelo acaso, etc. O interessante é que naquele dia concordamos que, apesar das viajens no tempo e tal, o filme tinha um apelo racional e concordávamos em parte com ele. Entretanto, dias depois, em outra discussão, quando perguntados se eles acreditavam em destino, a resposta foi imediata: "é claro".
Vejo nisso um contra-senso. Como uma pessoa pode aceitar o argumento do "Efeito Borboleta" e ao mesmo tempo acreditar no destino? Aceitar que nossa vida é ordenada por um destino já pré-fixado retira da vontade humana a possibilidade de construir sua própria vida. Há aqueles que acreditam que temos vários destinos à nossa frente e que temos a oportunidade de qual caminho seguir. Mas, pensando assim, ao escolhermos um desses caminhos, não estamos condenando nossa caminhada a um fim que foge da nossa possibilidade de mudança de rumo. Se não for assim, se a cada momento temos a possibilidade de escolher nosso destino, se a cada escolha podemos mudar um pouco nosso destino, se nossas vida é um emaranhado de caminhos que se cruzam infinitamente nos oferecendo possibilidade de escolha, reconhecer a existência do destino torna-se incoerente.
Aqueles que conservam certa empatia pela idéia do destino usam espertamente como contra-ponto o argumento de que seria impossível um mínimo ordenamento e planejamento da vida se ela fosse (des)coordenada pelo acaso. "As coisas não surgem na nossa vida por acaso. É impossível", dizem. E eu concordo com ele nesse aspecto. Explico por quê. Não vejo a vida como um caos onde todas as possibilidades concorrem na sua direção lhe oferecendo milhares de oportunidades e você vive angústia de ter que decidir pelo correto. Sempre. Esse modo de ver é um tanto individualista, pois nos coloca no olho do furacão com o poder de mudar seu rumo.
É a gente que se insere no mundo. A sociedade já existe quando nascemos; ao nos socializarmos, entramos em contato com ela e, à medida que crescemos, somos formados por ela e ajudamos a formá-la. Em síntese, somos simultaneamente constituidores e consituintes da sociedade. E é pela nossa prática diária junto dos outros homens que ajudamos a mantê-la como está ou a transformá-la. Mas não que isso esteja determinado pelo caminho já pronto que escolhemos e sim pelo caminho que a todo momento ajudamos a construir.
2 comentários:
Pois é Cassitos meu velho... estou totalmente de acordo quanto ao destino. Concordo também com a parte de nossas escolhas e atitudes poderem decidir até onde iremos e não que tudo já está escrito, dessa forma, agente só esperaria sentado e boa... somos reflexo de nossas atitudes e nisso o tão falado "destino" não é unipotente!
Por que nao:)
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